quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Balanço geral

Sempre que saímos de nosso mundinho cotidiano, nos deparamos com coisas que nos mostram outras possibilidades de viver e agir. Viajar para outro país e conviver com outra cultura é uma situação que coloca em cheque nossas verdades absolutas, nossos valores e nossos estereótipos, e nem sempre nos sentimos confortáveis diante disso. Mas não resta a melhor dúvida de que nos força a expandir nossos horizontes, o que é extremamente positivo. Este post vai tratar exatamente disso, de coisas que me provocaram uma sensação de estranhamento nessa viagem, seja no sentido positivo ou no negativo.
A primeira delas diz respeito ao estereótipo de primeiro mundo civilizado x terceiro mundo bárbaro. Eu tinha a ilusão de chegar à França e encontrar uma sociedade em que tudo funcionava de acordo com as regras estabelecidas. Assim, foi uma surpresa para mim descobrir que sinais de trânsito são desrespeitados por motoristas e pedestres, tocos de cigarro ficam espalhados pelo chão, camelôs vendem mercadorias pirata, pedintes (muitas mulheres) esmolam em locais públicos, mendigos moram nas ruas, estações de metrô são usadas como banheiros e pessoas, em sua maioria jovens negros, dão o cano no metrô. Eu realmente não esperava ver esse tipo de coisa por lá.
Outra coisa que chamou minha atenção foi a variedade de línguas que eu escutava enquanto fazia meus passeios. Paris é uma cidade que atrai pessoas do mundo inteiro, não só turistas que querem conhecer a Cidade Luz, mas também pessoas que decidem viver ali (eu mesma ando pensando nessa possibilidade). Assim, quando andamos pelas ruas, ouvimos línguas que nem sabíamos existirem. Eu, pessoalmente, ficava super curiosa em saber que língua era aquela que ouvia.
Aqui no Brasil, com poucas exceções, habitantes oriundos de outros países costumam vestir-se exatamente da mesma forma que nós, brasileiros. Em Paris, eu vi muitas pessoas vestidas com trajes típicos de seus países de origem (especialmente roupas indianas e africanas), como se essa fosse uma maneira de demarcar a sua cultura, e isso chamou muito minha atenção.
Em se tratando de curiosidades, nada ganhou, sob meu ponto de vista, dos banheiros públicos, pouco comuns por aqui. Ver, em Paris, Colônia e Londres, aquelas cabines de banheiro em plena rua foi uma grande novidade para mim. E os banheiros públicos (pagos) da griffe PointWC de Paris são uma atração por si só. Eles têm até boutique de produtos, como papel higiênico de cores fortes ou estampados. Nós compramos ali uma lata com três rolos de papel higiênico preto para dar de presente a um casal de amigos da Marina que têm um perfil bem heavy metal, tanto que o bolo de casamento deles era preto.





Mas as cabines e os banheiros chiques não conseguem superar o mictório (que lá tinha o nome de urinol) que há ao lado do Castelo de São Jorge, em Lisboa. É um mictório na rua, com apenas um biombo de metal quebrando a visão um pouco constrangedora de um homem fazendo xixi no muro :-)



A diferença de preços entre Lisboa e Paris foi uma coisa gritante. Tudo (transporte, alimentação, ingressos etc.) em Lisboa é muuuito mais barato que em Paris. Assim, meu conselho para quem quer conhecer a Europa e tem pouco dinheiro é: vá para Lisboa. A cidade é linda demais e tem ótimos passeios por lugares ali perto (Sintra, Cascais, Fátima e outros), que dá para fazer de trem, indo de manhã e voltando de tardinha. Além disso, a gente se reconhece em cada canto da cidade, pois a história de Portugal é a nossa própria história. E ainda tem a vantagem da língua. Eu estudei francês por cinco anos antes de ir para Paris e mesmo assim apanhei para me comunicar. Em Portugal, não. Tirando aquelas expressões típicas, a gente entende tudo. Eu gostei tanto de Lisboa que já estou organizando um grupo de amigas para visitar aquela cidade no próximo ano.
Todo mundo me pergunta se a viagem correspondeu ao meu sonho. Fazendo um balanço de tudo, eu preciso ser sincera: não! Foi uma viagem sensacional, não resta a menor dúvida, mas não a viagem que planejei por tanto tempo, pois esta era para ser só minha, no meu tempo, uma coisa meio egoísta mesmo. Assim, minha conclusão é de que continuo me devendo passar um mês em Paris, sozinha. Mesmo porque, em vez de curtir o que fiz lá, eu só fico pensando no que não deu para fazer. Ou seja, assim que eu conseguir juntar um dinheirinho, volto para aquela cidade :-)

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Bye, bye, Lisboa :-(

Segunda, dia 20, era, infelizmente, meu último dia em Lisboa. Quando a Marina foi para o aeroporto, no início de setembro, achou o taxista super simpático e me passou o telefone e o e-mail dele. Aliás, vou fazer propaganda dele, pois ele é realmente a simpatia em pessoa: o nome dele é Vítor Pereira, o telefone é (00351)964825550 e o e-mail é vmcp68@gmail.com. Se forem a Lisboa e precisarem de um táxi, entrem em contato com ele.
Eu fiz a reserva por e-mail, para as 12h30, então ainda tinha um tempinho para me despedir da cidade, depois do café da manhã. Assim, terminei de arrumar minhas malas e fui a pé para praça do Rossio e da Figueira, dois pontos bem marcantes de Lisboa. Durante o tour de ônibus, ficava tocando no fone de ouvido uma voz feminina cantando fados mais modernos, e eu perguntei ao motorista quem era. A cantora se chama Anabela, de quem, é claro, eu nunca tinha ouvido falar. Na rua Áurea, quase na praça do Rossio, fica a discoteca Amália Rodrigues, onde comprei os discos da dita cuja, aí aproveitei para passar lá e comprar dois CDs da mesmo não sendo aquele que tocava no ônibus (Aether), pois gostei da voz e do estilo dela.







Dali, subi no elevador de Santa Justa e dei uma passeada pela praça do Chiado.









Entrei, mais uma vez no Armazéns do Chiado, para descer para a Praça do Comércio, que é o lugar, de todos que visitei nessa viagem, em que me senti melhor, com aquela visão maravilhosa do rio Tejo.







Voltei para o hostel, tomei um banho e desci para pegar o táxi. Essa foi a parte mais difícil da história, pois como eu disse em outro post, tive que carregar minhas três malas por dois lances de escada. Mas, felizmente, contei com a ajuda de uma das romenas que trabalham no hostel.
Para variar, o taxista e eu fomos batendo papo até o aeroporto. A corrida ficou perto de 10 euros, valor bem diferente do que paguei em Paris, de 51 euros.
Como eu tinha comprado, em Paris, perfumes numa loja que já dava a detax (desconto dos impostos), precisava carimbar a nota na alfândega, colocar no envelope que a loja deu e por na caixa de correio do aeroporto. A orientação que me deram na loja dizia para fazer isso antes do check-in, mas não é não, é depois. E precisa mostrar o produto. Eu não tinha como fazer isso, pois a Marina havia trazido para o Brasil parte dos perfumes. Mas, como era em Portugal (se fosse na Inglaterra, eu dançava...), eles carimbaram a nota assim mesmo e enviei-a para a loja.
Vocês se lembram das miniaturas de vinho do Porto que eu comprei na Garrafeira da Sé? Pois vocês acreditam que coloquei as 10 garrafinhas na minha mala de mão, sem lembrar daquela história de colocar líquidos em saquinho transparente? É inacreditável que eu, tão obsessiva, tenha feito isso! Resultado: tive que tirar as garrafas da mala, colocar as que couberam (6) em um saquinho que se compra no aeroporto, dar as que não couberam (4) para pessoas que estavam na fila e, aí sim, passar pela fiscalização. Feito isso, fui direto para o free shop comprar mais miniaturas de vinho do Porto :-)
Quando saí do free shop, já estava em cima da hora para eu embarcar, aí fui correndo (literalmente) para a sala de embarque. Como o aeroporto é enorme, e a sala é bem no final, cheguei lá até sem fôlego. Mas, como avião não é trem, o embarque atrasou meia hora, o que me deu tempo de descansar um pouquinho, sentadinha, enquanto os apressados ficavam esperando na fila, em pé. Quando a fila diminuiu bem, levantei-me para ir para o avião, mas ouvi chamarem meu nome. Eram a Marina (Nina) e o Mário, os noivos do casamento em Colônia. Ele vinha para BH a trabalho e ela resolveu acompanhá-lo. Foi ótimo reencontrá-los ali.
Eu dormi boa parte do vôo, mas vi dois filmes idiotas enquanto estava acordada: Marmaduke e Príncipe da Pérsia. Difícil saber qual era pior. No jantar, escolhi frango com legumes e os tais legumes eram uma verdura e abobrinha. O frango estava bom, mas os legumes não tinham tempero algum. Horrível!
Apesar do atraso na partida, o avião pousou em Confins no horário previsto, 21h30, mas a entrega das bagagens demorou demais. Só peguei minhas malas uma hora depois. Passei no free shop, comprei duas coisas da Victoria Secret que a Marina havia pedido e saí logo. Lá fora, a Marina me esperava, junto com a mãe da Nina, que tinha ido buscar os dois. Ficamos conversando enquanto a Nina e o Mário não chegavam, pois eles ainda ficaram esperando mais tempo pelas malas deles. No dia seguinte, enviei um e-mail para a TAP reclamando dessa demora, mas não tive qualquer retorno.
Viajar é bom, mas chegar em casa tem um gostinho especial. Afinal, como já dizia a sábia Dorothy: “não há lugar como nossa casa”. Meu gato, que sempre me esnoba quando chego de viagem, veio logo me fazer carinho. Acho que dessa vez ele ficou com saudades :-)
Apesar de minha viagem ter terminado aqui, pretendo fazer ainda mais uns dois posts, para falar de coisas que me chamaram a atenção, e fazer um balanço de tudo.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Mais um dia em Lisboa

O programa para o domingo, 19, era fazer o segundo tour pela cidade, no ônibus de dois andares, mas antes eu peguei, mais uma vez, o bonde 28, para ir ao Castelo de São Jorge. Durante a validade do ticket do tour de ônibus (o que eu comprei era para 48h), os bondes e qualquer ônibus da empresa Carris (que é a mesma dos Yellow Bus) podem ser usados sem pagar, aí fui de graça para o castelo. O castelo é lindo, uma beleza totalmente diferente daquela do Palácio da Pena, pois ele está totalmente vazio. E a vista que se tem da cidade é de cair o queixo. É um dos passeios imperdíveis de Lisboa.























E é claro que eu encontrei lá alguns gatos, não desses de 1m80 e olhos azuis, mas daqueles que fazem miau, mesmo. Segundo um senhor que fica por lá, no castelo vivem 23 gatos, mas eu só vi esses.



Encerrada a visita ao castelo, peguei um ônibus (de graça) para a praça da Figueira, onde é o ponto inicial dos Yellow Bus. Fotografei algumas coisas pelo caminho, como a praça de touros de Lisboa (as touradas são às quintas-feiras, à noite).





Fiz uma parada no Museu Calouste Gulbenkian. Eu classifiquei esse museu como um mini-Louvre, pois ele tem peças de todas as divisões que existem no Louvre, mas sempre em pequeno número, o que resulta em uma visita de cerca de duas horas para ver todo o acervo. E fica encravado em um jardim maravilhoso. Tendo chance de visitá-lo, não percam. Ah, o monte de entulho não é um monte de entulho, é uma obra de arte contemporânea :-)



















Embarquei de novo no ônibus, com o objetivo de visitar o Mosteiro dos Jerônimos, em Belém, e passamos pelo aqueduto e pela estátua de Pedro Álvares Cabral.



Desci no Largo dos Jerônimos, e fiz algumas fotos por ali, da praça, da marina e de uma regata infantil que estava acontecendo por lá.






Como já eram quase 16h e eu ainda não havia almoçado, fui direto para um restaurante que a Marina me havia recomendado, chamado Os Jerónimos (em Portugal, o acento é agudo), que fica ali pertinho, na rua de Belém, 74/78, e é especializado em gastronomia tradicional portuguesa. O garçom que me atendeu, Fernando, um paranaense super simpático que vive em Portugal há muitos anos, me sugeriu a caldeirada de peixes à moda de Nazaré. Quando o prato chegou, eu pensei: não vou conseguir comer isso tudo. Pois comi, de tão bom. Aí, eu fui perguntar o que era uma patanisca de bacalhau, que era uma das especialidades deles, e acabei ganhando uma, que parece um tempurá de bacalhau, bem gostoso, mas eu já estava muito cheia para conseguir comê-la inteira. Mas fiz foto do Fernando e o outro garçom, cujo nome eu esqueci, é claro, bateu uma de nós dois.







Bem ao lado do restaurante, ficam os famosos pastéis de Belém. Passei lá para comprar uns, é claro. Tinha uma fila até grandinha, mas anda rápido. Para ser sincera, eu nem gosto muito de pastel de Belém, porque, para mim, pastel é salgado, e não doce :-) Mas tem que provar, não?



Aí, enfim, fui para o Mosteiro dos Jerônimos. Coisa mais danada de bonita, sô!













Na sala das pinturas representando os reis de Portugal, as imagens de D. Afonso Henriques, o primeiro rei, e de nosso velho conhecido D. Pedro I (D. Pedro IV, em Portugal). E os túmulos de Fernando Pessoa, de Alexandre Herculano, de Vasco da Gama e de Camões.








Na catedral do mosteiro, não só havia um órgão, como ele estava sendo tocado. Lindo demais da conta!



Terminada a visita ao mosteiro, o próximo passo foi a Torre de Belém, para onde fui correndo, porque estava perto do horário de fechamento. Na realidade, eu tive 15 minutos para visitar a torre. Foi mesmo só para poder falar que estive lá :-)











A miniatura e a original...



Fui andando, já com calma, para o Marco do Descobrimento, aproveitando para fotografar o que via pelo caminho. Nesse monumento, eu já não pude entrar, por causa do horário, apenas o vi pelo lado de fora.








Voltei para o Largo dos Jerônimos, para pegar o ônibus de volta para o hostel. Não é que peguei uma apresentação de danças típicas na praça? Aproveitei para ver um pouco.







E, do ônibus, não resisti a fotografar o hospital de Egas Moniz, o médico português que inventou a lobotomia, pela qual recebeu o prêmio Nobel da Medicina e Fisiologia, em 1949. Coisa de psicólogo :-)


Meu último jantar no hostel foi: sopa de vegetais (parecido com um caldo verde), macarrão com mariscos (hummm!) e mousse (no caso, um bolo super leve) de chocolate, com calda e morangos.




Aproveitei para fotografar amigos do hostel. A senhora ruiva se chama Patricia, mora em Filadélfia, é viúva e adora viajar. A morena do outro lado da mesa é Frances, amiga dela (els cantam juntas em um coral). Já as convidei para virem ao Brasil e ficarem em minha casa. O moreno de camisa xadrez é o chef Antônio e o de cabeça raspada é o Walter, que trabalha na recepção. Todos adoráveis.